Demissão

Roberta Paganini deixa Secretaria da Saúde

Secretária se demitiu em meio às investigações sobre o Pronto Socorro

Foto: Eduarda Damasceno/Câmara de Vereadores - Roberta esteve à frente da secretaria por quatro anos e sete meses

A até então secretária da Saúde de Pelotas Roberta Paganini deixou o cargo na tarde desta sexta-feira (3). Ela se demitiu após os depoimentos dados à CPI do Pronto Socorro (PS) na quinta-feira. Na ocasião, o coordenador-geral do Conselho Municipal de Saúde (CMS), César Ricardo Lima, disse não confiar na gestão da saúde de Pelotas e que o conselho não recebe amparo técnico do Município. Além disso, a contadora da secretaria, Priscila Gonçalves, afirmou ter identificado R$ 782 mil em inconsistências nas contas do PS, disse que as prestações de contas eram enviadas com atraso e que ela, sozinha, era sobrecarregada com a análise dos documentos.

Segundo a Prefeitura, Roberta permanece à disposição do Executivo durante o fim de semana e nomes para substituí-la serão analisados a partir da semana que vem. Por enquanto, nem nomes para ocupar a vaga interinamente foram ventilados.

A secretária pediu demissão em um memorando de quatro páginas endereçado à prefeita Paula Mascarenhas (PSDB). No texto, Roberta diz ter a consciência tranquila e lembra que sua gestão enfrentou a pandemia de Covid-19 "de forma diferenciada" e cita avanços realizados pela pasta. Ela afirma ainda que chegou a pedir exoneração à prefeita em agosto do ano passado em razão de "obstáculos" na área administrativa, mas voltou atrás da decisão. Roberta atribui as críticas que a saúde de Pelotas vem recebendo a um "palco político partidário" de ano eleitoral e admite que pode ter confiado nas pessoas erradas.

"Podemos realmente ter confiado nas pessoas erradas, mas isso faz parte da vida que é vivida com intensidade e dedicação [...]. Entretanto, hoje tudo que foi feito está sendo diminuído pela pequenez de alguns movidos por interesses pessoais e privados em detrimento do respeito e da verdade, e eu não sei lidar com as mentiras que as pessoas têm dito, com a falta de respeito e muito menos com a manipulação eleitoreira que vem sendo feita", escreveu.

Em nota à imprensa, a prefeita Paula lamentou a saída de Roberta e agradeceu pelo período em que ela esteve à frente da secretaria. "Embora entenda suas razões, ela foi a secretária que talvez tenha sido mais exigida, porque estava no cargo no momento da maior crise sanitária que a nossa geração vivenciou", disse Paula. "Entendo que ela esteja esgotada, vivendo momentos difíceis, um momento, um ano eleitoral que está sendo bastante penoso para nós, e crises políticas que se juntam às demais, à crise financeira e à crise sanitária, mas é preciso reconhecer o trabalho que foi feito", afirmou a prefeita.

Roberta chefiava a Secretaria de Saúde desde setembro de 2019 e esteve à frente da secretaria durante todo o período de pandemia e todo o segundo governo da prefeita Paula até agora. Formada em administração e pós-graduada em gestão federal do SUS, Roberta é servidora de carreira do Ministério da Saúde e já foi secretária da Saúde de Rio Grande.


CPI
A pasta que Roberta chefiava entrou no centro das investigações após ser revelada a suspeita de desvios de recursos do Pronto Socorro através do pagamento de notas duplicadas. A pedido de Roberta, foi instaurada uma sindicância na Procuradoria-Geral do Município (PGM) - até hoje não concluída -, e foram afastados o diretor administrativo e financeiro, Misael da Cunha, e a diretora-geral do PS, Odineia da Rosa.

A então secretária foi a primeira testemunha ouvida pela CPI, no dia 3 de abril. Ela afirmou que os pagamentos feitos pelo PS eram geridos por Cunha e que não tinha conhecimento da relação dele com a política - Misael foi tesoureiro e mais recentemente era vice-presidente municipal do PSDB. "Eu tenho absoluta certeza de que o Município fez todo o trabalho que é necessário fazer, e fez, fazemos todos os controles que nos são possíveis fazer", disse no depoimento.

No depoimento desta semana, a contadora Priscila disse que era a única responsável pela análise das prestações de contas do PS, e que a documentação que deveria ser entregue mensalmente, sempre sofria atrasos. No ano passado, as prestações de contas atrasaram nove meses, e os dados de janeiro a julho só foram entregues em setembro. A contadora afirma que ainda não recebeu nenhuma prestação de contas do PS em 2024.

Já o coordenador-geral do CMS, César Ricardo Lima, disse que não confia na gestão da saúde de Pelotas. Segundo ele, o Município não oferece assessoria técnica contábil e jurídica para que o conselho possa cumprir suas funções. "O órgão que é responsável pela fiscalização do SUS no município recebe um relatório fictício", lamentou Lima a respeito da forma como as prestações de contas são apresentadas ao conselho.

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